. Afinal quem está a mentir...
. Alcântara e os contentore...
. Manifestação dos professo...
Toda a nação precisa de uma capital e a Lusitânia não foge à regra. Apesar de o problema ainda não se pôr neste momento dada a exiguidade do território libertado, ele brevemente estará na ordem do dia, pelo que avanço já com duas possibilidades.
Em primeiro lugar Folgosinho não deixará de se candidatar em virtude da sua estratégica posição nos Hermínios e também porque é um local cujos poucos habitantes («Ainda há pastores?») afirmam ter sido berço do grande Viriato.
Viseu, sempre esquecida pelo poder central (veja-se que foi preterida no Euro 2004 e na instituição da Faculdade de Medicina) também entrará na corrida para ser a capital não só pela sua dimensão mas porque até já lá tem o Monumento a Viriato.
Longe destas inquietações está a capital de Portugal, absorvida que anda pelo problema das eleições intercalares para a Câmara Municipal e uma outra capital, muito antiga e com muitos monumentos, inspirou-me as seguintes linhas:
Atenas
Há muito tempo, numa planície da Ática
onde os dias eram suaves e as noites amenas
nasceu uma cidade que pôs em prática
uma nova forma de governo democrática
com sábios, filósofos e mecenas.
os muitos habitantes da velha Atenas
que procuravam a todo o custo a sabedoria
adoravam os deuses e a democracia
e na ágora celebravam com verbenas.
Hoje, no cimo daquelas colinas
onde os pastores tocavam avenas,
erguem-se templos cujas ruínas
repousam abundantes e sibilinas
lembrando os deuses nas tardes serenas.
onde o Tejo, cansado, abraça o mar,
há um povo com reformas de miséria
que o luso Sócrates hábil na léria
vai sem custo conseguindo enganar.
Os homens e mulheres desta Nação
que são pessoas e não animais
repetem sem parar esta questão:
por que é que os ricos cada vez mais ricos são
e os pobres são pobres cada vez mais?
Por todo o lado, no campo e na cidade
ai como vive e sofre este povo
que inventou o sonho e a saudade
e vai suportando esta realidade
à espera que Abril venha de novo!
A tarefa de alargamento do território está mais difícil do que pensava mas claro que não vou desistir; agora estou até a ser invadido pelo Regadio da Cova da Beira, destruidor na sua passagem e impeditivo de novas culturas e cuja utilidade muito se questiona por vir fora de tempo, depois de a agricultura estar praticamente liquidada. Parece-me que esta é mais obra de engenharia do que de utilidade pública mas vamos esperar para ver.
Numa altura em que muito se fala dos engenheiros, inscritos ou não na Ordem, e que nem sequer conseguem chegar a acordo sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, os autores deste projecto devem considerá-lo tão importante que até me admiro de não estar incluído na lista das novas maravilhas que vão substituir as antigas sete. Aliás, para mim «maravilhas só há uma, a Lusitânia e mais nenhuma», pelo que aproveito para mostrar mais um texto do meu amigo Carlos sobre o assunto.
Maravilhas do Mundo
Noutras civilizações
sempre o homem quis fazer
obras grandes, construções
para afirmar o seu saber.
De todas que foram feitas
durante a antiguidade
sete foram as eleitas
para a posteridade.
Os reis ficaram mais ricos,
o povo foi explorado;
nada dura eternamente
tudo tem um fim marcado.
Algum tempo decorrido
a estátua de Zeus caiu,
o templo de Artemisa foi destruído,
o colosso de Rodes ruiu,
do mausoléu de Halicarnasso
não resta nem um pedaço,
o farol de Alexandria
desmoronou-se um dia
e os jardins da Babilónia,
já o rei estava decrépito,
tombaram sem cerimónia
mas com grande estrépito.
Sob a protecção milenar
de um esfíngico olhar
as pirâmides ainda lá estão
com danos de erosão
mas vivas, a recordar
os que participaram na construção.
Quem ali passar a pé
e tiver imaginação
verá na planície de Gizé
operários cobertos de pó
construindo o túmulo do faraó.
E em noites de lua cheia
se olhar bem poderá vê-los
protegendo-se da areia
deitados ao pé dos camelos.
Esses mesmos operários
que ergueram as maravilhas
foram pagos com salários
que eram pratos de lentilhas.
Maravilha mais marcante
segundo o meu juízo
é não passar um instante
do dia sem um sorriso.
Começar assim o dia
põe os outros bem dispostos
e como que por magia
alinda os feios rostos.
E se um homem se juntar
com amor a uma mulher
a maravilha maior
está prestes a acontecer.
É então que a vida nasce
e pelo mundo se repete
e esta simples maravilha
vale mais que as outras sete.
Conselho de Ministros
O Conselho de Ministros
de quinta-feira passada
começou de manhãzinha
terminou de madrugada.
Primeiro Ministro
Temos nas contas do Estado
um défice de milhões
pelo que, a meu mandado,
apresentem sugestões
sem cortar no ordenado
de ministros e patrões.
Como andamos à deriva
e está muito bravo o mar
a medida positiva
que eu pretendo tomar
é aumentar já o IVA,
pois todos devem pagar.
A progressão dos professores
não deve ser automática
mas com pais avaliadores
resolve-se a problemática;
mesmo que tenham valores
não vão ao topo na prática.
Como no meu ministério
a dívida é descomunal
vou adoptar um critério
que parece genial:
vão todos pagar a sério
quando entram no hospital.
O que eu quero propor
e vou dizer aos jornais
é que cada trabalhador
trabalhe uns bons anos mais
para ser merecedor
de reforma igual aos pais.
Perante todos o louvo
a ordem não se discute.
Para que o nobre povo
contra nós nunca mais lute
faço um aeroporto novo
ponho portagens nas SCUT.
Em casa e no escritório
tenho ideias mais de mil
mas com tanto falatório
parece que estou senil…
Vou fazer um peditório
ao famoso tio Bill.
Eu farei exposições
talvez de arte abstracta
pois precisam de lições
os que não usam gravata;
se isso não poupar milhões
a lógica é uma batata.
Vou tomar umas medidas
talvez sejam radicais
mas devem trazer proventos:
as pensões são reduzidas,
não há férias judiciais
e acabam os requerimentos
que em papel eram feitos;
nos estabelecimentos
chamados prisionais
os drogados têm direitos
às seringas e muito mais.
Há oito horas e meia
que para aqui estou calado
mas tive uma grande ideia
que me surgiu há bocado:
para poupar na assembleia
desligo o ar condicionado.
Os barcos são para abater
e arrancamos as vinhas
pois é perigoso beber
e estamos fartos de sardinhas.
A despesa da barragem
do Alqueva foi tamanha
que vamos ter de vender
os terrenos à Espanha.
Não estranhem o que eu fiz
pois cumpri os meus deveres.
Como os autarcas do país
andam a gastar demais
pedi quatro pareceres
e todos eram iguais.
Vou cortar nas transferências
e poupar uns bons dinheiros.
Para manter as aparências
dou um louvor aos bombeiros.
Ando para aqui aos papéis
com um sorriso nos dentes
para agradar aos coronéis
que andam muito descontentes;
vendo os F16
tiro a pensão aos combatentes.
Até que enfim, quem diria,
já chegou a minha vez;
usem a diplomacia
para lidar com o português:
prometam-lhe dois num dia,
no seguinte tirem três.
Os terrenos da Reserva
são bons para a construção;
antes que lá cresça a erva
vou enchê-los de betão
mas não pensem que me esqueço
da co-incineração
e de aumentar o preço
da água e até do pão.
Eu nem sei o que dizer
depois de tantas propostas
mas acho que é meu dever
nunca vos virar as costas
pelo que vou já fazer
no Euromilhões apostas.
Primeiro Ministro
Meus senhores, eu sabia
que podia confiar;
amanhã é um novo dia
e hoje vamos festejar
esta total harmonia
aqui ao lado no bar.
(As bebidas são por conta da casa)
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