Lusitânialivre

Aqui, do alto dos Hermínios, nos dias claros alcançam os nossos olhos quase toda a vastidão da Lusitânia…

Em contraste com o sossego destas paragens, vai nos media uma algazarra tremenda. Falam de Ota, Alcochete, Portela+1, coisas que eu não entendo. Para mim os aviões não são essenciais e prefiro admirar o voo tranquilo das aves nos longos vales sossegados por onde correm regatos de água cristalina. Aqui, não há hospitais, nem fábricas, nem edifícios, eu sei, talvez o «deserto» do ministro seja isto … mas há gente, embora pouca pois o governo parece que está interessado em que os portugueses vão para a praia. E não hei-de eu revoltar-me? Pois se só se lembram de nós por altura das eleições! Que bom seria se nos deixassem em paz, em vez de acirrarem contra nós os cães dos impostos que só nos largam quando já só sobram os ossos.

Então se a desculpa para o fecho de escolas, esquadras, urgências, maternidades é a falta de dinheiro, de onde virão os milhões que se propõem gastar num aeroporto cuja necessidade ainda está por provar e que apenas serve uma parte da população, curiosamente aqueles que vivem melhor? Perguntei aos meus «vizinhos» e nenhum deles andou alguma vez de avião e a maior parte nem sabe o que é o mar nem onde o fica o Algarve (ou será Allgarve?)

Apesar de já um pouco atrasados, deixo hoje uns versos que falam sobre a maneira de gastar o dinheiro de todos em proveito de alguns.

 Orçamento de Estado

Foi agora anunciado

(e pelos vistos promete)

o Orçamento de Estado

para o ano 2007.

Feito por iluminados

deixa os ricos contentes,

penaliza reformados

e também deficientes.

Este governo está louco

pois pensa que assim faz bem

tira muito a quem tem pouco

para dar a quem muito tem.

Sócrates mentiu. Na campanha eleitoral e depois de ser eleito. Os portugueses gostam de mentirosos?  Parece que sim pois a popularidade do nosso primeiro continua em alta mesmo depois de  o poder de compra ter descido, os reformados serem penalizados, os impostos subirem, as maternidades fecharem, o desemprego atingir números assustadores...

Fico até surpreendido como é que o «filósofo» não surgiu entre os eleitos dos «grandes portugueses», uma vez que, como o vencedor, é de convicções fortes, é chefe do governo e não gosta de opositores. Deixo aqui um texto com um título sugestivo lembrando que  o poder de mudar está nas nossas mãos.

Carnaval

A máscara de Salazar

era a de um economista,

Sócrates faz-se passar

por um novo ilusionista

mas os truques que ele faz

já não enganam ninguém

embora se esconda atrás

dos números que lá tem.

É verdade que entre os dois

não há muitas semelhanças

se um fez obra nas finanças

(o pior veio depois)               

o outro veio impor

tais sacrifícios à gente

que vivemos hoje pior

que num passado recente.

É claro que ele não pensa

em impor a ditadura

mas esta carga imensa

de impostos que nos sufoca

de bom é que nada augura

porque nem a todos toca.

Se quiser reactivar

a Mocidade Portuguesa

sem fazer grande despesa

poderá aproveitar

os cintos então usados

que o S dá para os dois lados.

Esta letra sinuosa

e de aspecto sinistro

é ainda mais perigosa

quando o primeiro-ministro

a tem no seu apelido

seja qual for o partido.