A crise bancária aí está, profundamente instalada e sem que ninguém saiba quando terminará. É tempo de reflectirmos sobre tudo o que se passou e tentarmos perceber como se chegou a este ponto.
Não foram as aplicações feitas em nome de particulares por gestores de topo dos bancos que arruinaram o sistema bancário. Se muita gente deu ouvidos ao canto da sereia dos lucros mirabolantes prometidos, isso não trouxe danos aos bancos pois o capital não era deles. O problema é que os bancos, por natureza gananciosos, não se limitaram a uma actividade bancária normal, ganhando a diferença entre o que pagavam aos depositantes e o que recebiam dos empréstimos que efectuavam e começaram também eles a utilizar o capital dos depositantes, quando não contraíam empréstimos internacionalmente, para também «jogarem» na bolsa e fazerem mais valias enormes de um dia para o outro. Deu no que deu.
Depois dos problemas no BPN é agora o Banco Privado Português, para muitos desconhecido até há poucos dias, a confessar debilidades e a solicitar um aval ao estado. Se a nacionalização do BPN causou alguma estranheza, a intervenção do governo neste caso só se compreende à luz da afirmação de Sócrates de não deixar falir nenhum banco português. Habituados que estamos às mentiras do primeiro-ministro, que prometeu não aumentar impostos e criar 150 mil postos de trabalho, bem poderia continuar a faltar à verdade que, neste caso, até acharíamos positivo.
Alguém consegue explicar por que razão vai o estado meter o dinheiro dos pobres que pagam impostos no banco dos ricos que tudo fazem para os não pagar?
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