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Nos anos sessenta do século passado, um surto de emigração quase despovoou o interior do país e levou até França, principal destino migratório, muitos milhares de portugueses, sob o olhar complacente de Salazar que precisava das divisas como de pão para a boca.
De salientar que esse êxodo aconteceu como resultado da extrema pobreza do nosso país. Sozinhos ou ajudados por «passadores» que lhes levavam o coiro e o cabelo, muitos conseguiram chegar a um país onde havia trabalho e, embora em condições muitas vezes miseráveis, mostraram a fibra de que é feito este povo e conseguiram, à custa de muito sacrifício, uma vida que o seu país se recusava a dar-lhes.
No passado dia 5 o Diário de Notícias escrevia:
«Cinco milhões de portugueses vivem no estrangeiro, o que equivale a metade da população de Portugal. E, só nos principais países de destino europeu, a percentagem de emigrantes aumentou 52,6% entre 2000 e 2006, de 419 047 para 639 612, revela o Relatório Internacional sobre Migrações de 2007 da OCDE , a divulgar em Junho.»
É uma vergonha, 34 anos depois de Abril e após 22 de União Europeia, que tantos portugueses se vejam obrigados a emigrar por não terem na sua terra forma de sustentar as suas famílias!
Que estranho país é este cujos governantes se preocupam mais em fechar embaixadas do que proporcionar dignas condições de vida aos cidadãos nas suas próprias terras?
Deviam ter vergonha na cara e proporcionarem uma REDISTRIBUIÇÃO MAIS JUSTA da riqueza do país. Provavelmente enquanto os que vão ficando não se revoltarem e os puserem no meio da rua, isso jamais será feito.
Realiza-se no próximo sábado em Lisboa a grande manifestação nacional de professores, depois de outras nas capitais de distrito que mobilizaram muitos milhares de docentes a quem eu quero desde já manifestar o meu total apoio, primeiro porque fui professor no 1º Ciclo durante 32 anos e depois porque , para se conquistarem direitos, é necessário lutar por eles.
Se o Governo tivesse uma prática verdadeiramente democrática, não seriam necessárias estas lutas porque ele se preocuparia com o bem-estar dos seus cidadãos.
Sobre a avaliação, necessária, sem dúvida, é inconcebível que possa avançar a meio de um ano lectivo e sem existirem todos os instrumentos que são precisos. Já nem falo da complexidade de todo o processo nem da prudência que aconselharia a que tudo fosse testado num grupo restrito antes de o processo ser alargado definitivamente a todos.
Parece-me que o que o Ministério pretende é abrandar a promoção dos professores ou evitar que a grande maioria atinja o topo da carreira porque isso lhe custaria muito dinheiro. Tudo se resume, pois, a números uma vez que o deus supremo à volta do qual tudo gira e por quem todos os sacrifícios são permitidos tem um nome e chama-se défice. Esta é que é a verdade mas a senhora ministra não a quer admitir.
Não será com a demissão desta senhora que algo vai mudar porque, como aconteceu na saúde, «as políticas do governo são para continuar». Oxalá que Sócrates arrepie caminho pois, caso contrário, terá o destino traçado!
Diz o povo, no seu milenar saber, que quem não se sente não é filho de boa gente. Não é pois de estranhar que assistamos diariamente aos protestos das populações contra o fecho de maternidades e urgências.
Recentemente soube-se do caos no Hospital de Faro com dezenas de doentes espalhados pelos corredores.
Em entrevista à RTP veio pressuroso o ministro da saúde esclarecer que o problema desse hospital é ter um aumento muito significativo de ocorrências nos meses de Verão em que a população triplica. Mas esse senhor está doido ou quê? Janeiro, que eu saiba, é um mês do Inverno mesmo que o sol dos últimos dias pareça querer contrariar o calendário mas os governantes que temos são «gajos» para decretar que tal aconteça. Cumpra-se - dirão - e até os astros terão de alterar as suas órbitas celestiais, as suas velocidades de deslocação desmentindo Newton, Copérnico e Einstein só para satisfazerem a vontade desta gente cuja vaidade e arrogância parece não ter limites.
Quando anuncia qualquer medida que considera positiva, o Governo tenta passar uma imagem de justiça social. Diz-nos a experiência dos anos que, quando se trata de aumentos salariais, essa é apenas uma miragem, pois as contas feitas baseiam-se na inflação prevista a qual, como todos sabemos, é sempre menor que a inflação que se vem a verificar.
Se estivessem verdadeiramente preocupados com o poder de compra dos portugueses, poderiam sempre acrescentar umas décimas a esse número que atiram para o ar; assim, ao limitarem-se à inflação provável, estão apenas a dissimular as suas intenções que mais não são que gastar menos desculpando-se com os sacrifícios que temos de fazer.
Os aumentos com base na inflação prevista diminuem sempre o poder de compra, não só porque quem faz essas previsões se engana sempre nos números como também porque há muitos produtos e serviços que não entram no cabaz de compras que serve de base ao cálculo da inflação; veja-se o caso do preço dos combustíveis que terá aumentado mais de 20% no último ano.
A pergunta que se impõe é: por que não tomam como base para os aumentos a inflação do ano anterior, essa sim um número já comprovado? A resposta é simples e clara: «eles» não querem verdadeiramente que o povo viva melhor.
Merecerão estes políticos de novo a confiança dos eleitores?
Devia ter ficado claro
Apesar de não ver partilhada a minha posição aqui neste cantinho, é com alguma satisfação que verifico que há mais gente a pensar como eu; é por isso que hoje apresento um artigo publicado no C.M. e que a seguir transcrevo, lembrando a todos que a Lusitânia saberá receber de braços abertos todos aqueles que resolverem fugir ou procurar abrigo. O sitio, já se sabe, está cada vez mais mal frequentado. Pior ainda, está cada vez mais perigoso. Andam por aí bancários feitos banqueiros a pôr em causa o dinheiro de accionistas e clientes de instituições financeiras; andam por aí magistrados do Ministério Público em guerra com outros magistrados da mesma instituição; andam por aí inspectores da Judiciária a caluniar outros inspectores da mesma polícia; andam por aí dirigentes desportivos a afirmar alto e bom som que o futebol indígena é uma farsa de alto a baixo; andam por aí políticos a transformar a política num caso de polícia com histórias de faca e alguidar; andam por aí uns vândalos feitos ecologistas a invadir e a destruir propriedades agrícolas; andam por aí uns senhores liderados pelo Torquemada Louçã a tentar impor a ordem e os bons costumes; anda por aí uma GNR incapaz de prender e levar à justiça uns energúmenos que recebem apoios do Estado para vandalizar bens privados e infernizar a vida a cidadãos que trabalham; anda por aí um Governo do senhor presidente do Conselho, José Sócrates, que admite alianças na Câmara de Lisboa com os mentores políticos desses actos criminosos. |
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António Ribeiro Ferreira, in Correio da Manhã de 20/08/2007 |
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Toda a nação precisa de uma capital e a Lusitânia não foge à regra. Apesar de o problema ainda não se pôr neste momento dada a exiguidade do território libertado, ele brevemente estará na ordem do dia, pelo que avanço já com duas possibilidades.
Em primeiro lugar Folgosinho não deixará de se candidatar em virtude da sua estratégica posição nos Hermínios e também porque é um local cujos poucos habitantes («Ainda há pastores?») afirmam ter sido berço do grande Viriato.
Viseu, sempre esquecida pelo poder central (veja-se que foi preterida no Euro 2004 e na instituição da Faculdade de Medicina) também entrará na corrida para ser a capital não só pela sua dimensão mas porque até já lá tem o Monumento a Viriato.
Longe destas inquietações está a capital de Portugal, absorvida que anda pelo problema das eleições intercalares para a Câmara Municipal e uma outra capital, muito antiga e com muitos monumentos, inspirou-me as seguintes linhas:
Atenas
Há muito tempo, numa planície da Ática
onde os dias eram suaves e as noites amenas
nasceu uma cidade que pôs em prática
uma nova forma de governo democrática
com sábios, filósofos e mecenas.
os muitos habitantes da velha Atenas
que procuravam a todo o custo a sabedoria
adoravam os deuses e a democracia
e na ágora celebravam com verbenas.
Hoje, no cimo daquelas colinas
onde os pastores tocavam avenas,
erguem-se templos cujas ruínas
repousam abundantes e sibilinas
lembrando os deuses nas tardes serenas.
onde o Tejo, cansado, abraça o mar,
há um povo com reformas de miséria
que o luso Sócrates hábil na léria
vai sem custo conseguindo enganar.
Os homens e mulheres desta Nação
que são pessoas e não animais
repetem sem parar esta questão:
por que é que os ricos cada vez mais ricos são
e os pobres são pobres cada vez mais?
Por todo o lado, no campo e na cidade
ai como vive e sofre este povo
que inventou o sonho e a saudade
e vai suportando esta realidade
à espera que Abril venha de novo!
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