Uma semana após o início dos ataques aéreos de Israel à faixa de Gaza, forças terrestres apoiadas por tanques iniciaram uma batalha que ninguém sabe quando nem como terminará. Se os israelitas pretendem enfraquecer o Hamas e contam com o seu enorme poder de fogo, os palestinianos de Gaza, conhecedores do terreno e bem armados não se entregarão facilmente. Ninguém sabe até quando esta guerra irá durar, mas tratando-se sobretudo de uma guerra urbana no local mais densamente povoado do mundo, é de esperar que o número de vítimas seja enorme. Não sou apologista da guerra nem defensor de qualquer uma das partes, mas compreendo que nenhum país deixaria de reagir se fosse sujeito a constantes ataques de rockets durante meses.
Oxalá a paz regresse rapidamente.
Não deve a religião
em qualquer ponto da terra
servir para a divisão
dos povos nem para a guerra.
Não sei por que chamam santa
à terra da Palestina,
pois onde o ódio se planta
o amor nunca germina.
Dezanove, quinta-feira,
joga pouco Portugal
e a Alemanha matreira
no sonho põe um final.
Confesso que esperava mais (muito mais!) da equipa de todos nós, principalmente daquele que é candidato a melhor do mundo (a avaliar pela sua prestação no Euro não vai lá); julgo que tínhamos valor para chegar, pelo menos, às meias finais. Deco exibiu-se sempre a altíssimo nível mas não teve quem o acompanhasse.
Agora que ficaram a nu as nossas deficiências espera-se que o novo seleccionador seja capaz de descobrir um defesa esquerdo e um guarda-redes.
De qualquer forma, parabéns a todos os jogadores e à equipa técnica.
Dia quinze, Basileia,
o árbitro ajuda à missa
a exibição é feia
ganha o jogo a Suiça.
Scolari talvez devesse ter mudado os jogadores todos (ai se o Paulo Ferreira é expulso no lance em que apenas viu amarelo!) mas esperava muito mais dos menos utilizados.
O árbitro foi mesmo «artista»: não viu uma grande penalidade sobre o Nani mas descobriu uma cometida pelo Meira e anulou-nos um golo limpo. De qualquer modo, mesmo com a nossa segunda equipa podíamos e devíamos ter feito mais.
Vem aí a Alemanha para os quartos de final e aí precisamos do Cristiano ao seu nível para seguirmos em frente
Dia onze, quarta-feira
de novo o mesmo local.
Damos três a um aos checos
ganha o grupo Portugal.
Aqui, no interior profundo, não há praças com ecrãs gigantes para ver o futebol e, como a ASAE não deixa fumar nos cafés, resta-nos ver os jogos no recato das nossas casas onde, apesar da falta de companhia para celebrar, não deixamos de vibrar com as vitórias da nossa selecção. Força, rapazes!
A cidade é Genebra
e 7 de Junho o dia
em que Portugal celebra
dois a zero à Turquia!
para dar a volta à vila.
À frente vai o guião,
atrás os homens em fila.
Seguem depois os andores
e que lindos eles vão,
o da Senhora das Dores
e o de S. Sebastião.
O que tem mais esplendor
vai rodeado de anjinhos
e mostra Nosso Senhor
com a coroa de espinhos.
Sob o pálio o prior
com o Santíssimo nas mãos.
Ao passar o Redentor
ajoelham os cristãos.
A banda muito afinada
vai marchando a compasso
e a música tocada
soa forte no espaço.
O mordomo de bastão
procura a ordem manter
e todos com devoção
vão cumprindo o seu dever.
As ruas estão enfeitadas
com colchas de muitas cores;
de varandas e sacadas
cai uma chuva de flores.
Saem roupas dos baús
onde estavam a aguardar,
que a festa da Santa Cruz
é famosa e singular.
Não param de repicar
os sinos no campanário
como que a festejar
um evento extraordinário.
Sobem foguetes no ar,
o povo canta hossanas
e os garotos sem parar
correm a apanhar as canas.
Há quem venha ver a festa
para tirar fotografias
e diga que como esta
não há outras romarias.
que a outras pede meças;
uns vêm pela comida
outros para pagar promessas.
Está de regresso o cortejo
e muitos cheios de fé
manifestam o desejo
de um dia virem a pé.
um novo tempo se gera:
pouco a pouco o dia cresce,
eis chegada a Primavera.
Precisa a nova estação
que nasce todos os anos
um tempo de gestação
como o dos seres humanos.
Inebriam-nos perfumes,
os ventos ficam mansinhos,
vai-se a neve dos cumes,
as aves fazem os ninhos.
Com o calor a aumentar,
a terra húmida e prenha
em breve irá mostrar
gratidão a quem a amanha.
mas só Jesus o sabia
pois ninguém fazia ideia
que a última seria.
Não viram os doze apóstolos
distraídos porventura
que o rosto do seu mestre
espelhava amargura.
Ali mesmo ao seu lado
com sono Pedro boceja
e pensa, preocupado,
que fazer se nomeado
novo chefe da Igreja.
A seguir senta-se André
atento ao que se diz
mas quase perdendo a fé
pois à ideia de ir a pé
torce logo o nariz.
E João Evangelista,
o filho de Zebedeu,
depois de olhar para a lista
põe-se a esfregar a vista,
fala com Bartolomeu.
Tiago o Maior contente
um pouco mais adiante
não pára de dar ao dente
porque veio finalmente
comer a um restaurante.
Mateus que foi colector
em tempos que já lá vão
diz a Tiago, o Menor,
que está para vir o pior
mas este acena que não.
O Filipe aprecia
muito bem a refeição
pois há muito não comia
talhada de melancia
após bacalhau com grão.
Conversa Judas Tadeu
com Tomé que não hesita
afirmar não ser ateu
mas que por feitio seu
só quando vir acredita.
Ouve-se Simão falar
das lutas de muitos anos
que ele teve de travar
para conseguir expulsar
da sua terra os Romanos.
E Judas Iscariotes
numa ponta ignorado
mesmo ao lado dos potes
sente que possui uns dotes
que aos outros foram negados.
Boas Festas, Boas Festas,
Boas Festas vimos dar.
Viva a vila de Caria
e mais quem nela morar.
tantas coisas te dão graça
desde as calçadas romanas
ao cruzeiro lá na praça.
Bem no alto do outeiro
fica a Igreja Matriz.
quem nunca for a Caria
não pode viver feliz.
Terra da Moura Encantada
como tu não há igual
és a terra mais bonita
de todas em Portugal.
Quem visitar tuas fontes
e sua água beber
fica logo enfeitiçado.
nunca te vai esquecer.
Quem quiser vir a Caria
tem de passar as ribeiras.
Venham cá, juntem-se a nós,
vamos cantar as Janeiras.
Boas Festas, Boas Festas,
Boas Festas vimos dar.
Viva a vila de Caria
e mais quem nela morar.
Na época natalícia somos contaminados por uma espécie de vírus de origem desconhecida mas cujos sintomas já eram descritos no século passado: compras compulsivas com utilização de reservas monetárias e desenfreada utilização do cartão de crédito que nos põe as economias no vermelho. Há quem lhe chame «febre consumista» e a ataque como se fosse altamente contagiosa e letal, não com quaisquer antibióticos ou antivirais mas com uma moralidade que lhe advém do facto de ser uma pessoa de tal forma poupada que é conhecida na vizinhança por «unhas-de-fome».
Sem querer ser médico especialista e receitar medicamentos a torto e a direito, parece-me que, se ninguém comprasse ninguém receberia, pelo que os olhos das crianças não se iluminariam de espanto e alegria com as prendas e esse seria um prejuízo irreparável.
É certamente necessário haver moderação mas não é nas compras, é na distribuição. Já repararam quantas pessoas ficam sem prendas no Natal? E quantas não têm o mínimo para sobreviver durante o ano inteiro?
É verdade que muitas pessoas não se preocupam com a utilidade dos presentes, sendo capazes de oferecer um frigorífico a um esquimó ou uma caneta a um analfabeto, desde que seja «de marca». Desconfio que, ao contrário do comércio tradicional, as lojas dos chineses tiveram um natal em grande!
Para aliviar da tensão e bem dispor para novas oportunidades de compra que aí virão, divirtam-se com o texto que se segue.
Um dia o Pedro Cardina,
esforçado costureiro,
recebeu na oficina
um visitante estrangeiro.
Este, ao ver a obra feita
tentada vender em vão,
prometeu dar a receita
em troca de comissão.
Também o Luís Botão,
um competente maleiro,
fazia tudo à mão
mas não ganhava dinheiro.
Sem estar à espera, um dia
ofereceu-lhe um comprador
por toda a mercadoria
só metade do valor.
mas, como tinha que comer,
pôs o orgulho de lado
e acabou por ceder.
As carteiras e as malas
que eram feitas pelo Botão
só podem hoje encontrá-las
em Paris ou em Milão.
E a roupa que lá na aldeia
fazia o pobre Cardina
deixou de ser velha e feia
para ser moderna e fina.
Ninguém, penso, imagina
que houve esta alteração:
o Cardin era Cardina
e o Vuitton era Botão.
Com esta explicação parca
se prova mais uma vez:
por trás de uma grande marca
está sempre um português.
Gritemos, pois, com afã:
o que é nacional é bom!
Viva o Pierre Cardin
e também Louis Vuitton!
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